O público headbanger brasileiro valoriza as bandas locais?

A maioria das pessoas que se interessam pela história do heavy metal no Brasil sabe que o estilo só começou a existir por aqui de fato em 1982, quando a banda paraense Stress heroicamente lançou seu primeiro LP e pavimentou o caminho para outros registros. Mas isso seria o início da gloriosa história do heavy no Brasil? Infelizmente, não.

Stress no estádio do Payssandú, 1982
Os anos 1980 foram, sem dúvida, a época em que o rock pesado mais esteve em evidência nas mídia, graças à primeira edição do Rock In Rio, em 1985. Discos de bandas nacionais vendiam aos montes, os shows - não importava onde seriam - tinham sempre garantia de casa cheia. Bandas como a paulistana Salário Mínimo chegavam a lotar ginásios esportivos, mas o que se vê desde o fim dos anos 80 até os dias de hoje, é um estilo em constante decadência, salvo algumas épocas de certo ressurgimento como entre 1992 e 1996 e início dos anos 2000. Nos anos 90 Viper, Angra e Dr. Sin tiveram seus dias de glória com lançamentos de enorme repercussão (Viper com o Evolution, em 1992; Angra com Angels Cry em 1993 e Holy Land em 1996 e a Dr. Sin com Dr. Sin, em 1993) e colheram os frutos do sucesso. Infelizmente, nenhuma dessas bandas conseguiu manter seu público por muito tempo. No início século XXI o heavy metal viveu outra fase de vacas gordas com o sucesso do reformulado Angra, assim como do Shaman (que teve até música em trilha de novela da Globo), no lado mais extremo tivemos Torture Squad e Krisiun com a popularidade altíssima e todos esses grupos agora tocam para um público muito menor do que naquela época.

 Viper no Monsters of Rock, 1994

De quem seria a culpa por o heavy metal nunca ter consolidado seu espaço perante o público brasileiro, mesmo com toda essa tecnologia que nos proporciona conhecermos diferentes e ótimas bandas do nosso cenário? Nós temos excelentes representantes de praticamente todos os gêneros da música pesada e não existe apoio nenhum do público local, o que leva esses grupos desesperadamente a tentar a fama em solo europeu, geralmente em turnês mal organizadas e com prejuízo na certa. Do norte ao sul do país temos fãs de música pesada, mas há também a tal "segregação" de quem curte heavy metal não gosta de quem curte black metal e por aí vai, o que dificulta também a realização de festivais como o Wacken, na Alemanha por exemplo, que se baseia na diversidade de estilos dentro do metal. Creio que está na hora de valorizarmos o que criamos aqui, o que não é difícil, pois há muitos grupos de qualidade no cenário.

 Hibria no festival Loud Park, Japão, 2009

O que as pessoas que curtem som tem que fazer é fugir do trivial "Iron Maiden-Metallica" e buscar coisas novas. Não precisamos recorrer à cena europeia ou norte-americana pra isso, há bandas como Hibria, Rexor, Hazy Hamlet, The Ordher, Dominus Praelli e Blazing Dog que criam música pesada de respeito e 100% nacional e algumas dessas já possuem muito respeito lá fora, só faltam serem reconhecidas por aqui, o que, espero eu, não demore muito.

1 comentários:

  1. "...fugir do trivial Iron Maiden-Metallica"
    Concordo plenamente, o grande problema e que cada vez mais as pessoas tornam-se superficiais e com isso normalmente não vão buscar a essência das coisas, no metal é a mesma coisa, ouvem por anos as mesmas bandas que passam na MTV e só. Lastimável.

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