Metal Open Air e o cenário lamentável do metal nacional


Antes mesmo de 2012 começar, Edu Falaschi foi entrevistado pela Rock Express e fez uma declaração polêmica sobre o público headbanger brasileiro e a cena metal! “Brasileiro é chupa pau de gringo” disse Falaschi após um show de bandas nacionais que o público não compareceu. E o vocalista do Almah ainda reforçou que o metal nacional tinha morrido! Os excessos do vocalista em seu desabafo só demonstram a crise que o cenário do metal nacional estava prestes a enfrentar.

Primeiro dia do festival 
Enquanto circulava este desabafo nas redes sociais e sites especializados em música, o Metal Open Air estava sendo divulgado, anunciado como maior festival de heavy metal da América do Sul, aos poucos foram revelados os detalhes do evento e as bandas que estariam presentes. No começo as informações estavam um pouco confusas e fora da realidade. O local escolhido para realizar o festival surpreendeu, afastado do circuito Rio - São Paulo, a cidade de São Luis no Maranhão foi escolhida para sediar o festival.
  
Com um lineup com Saxon, Venom, Megadeth, Anthrax, Symphony X, Exodus entre outras bandas de renome no metal mundial e nacional, a promessa do festival parecia ser um sonho de muitos bangers do Brasil. Valia a pena se deslocar até do Rio Grande do Sul para ir ao outro extremo do país apreciar este grande momento. O festival ainda prometia churrascaria Mad Butcher, a presença de Charlie Sheen como mestre de cerimônia, um lago, campeonatos esportivos, energia elétrica para o camping, guarda volumes, mercado 24h, entre várias outros eventos que garantiriam diversão para os pagantes durante os três dias. Apesar de todas estas promessas, uma desconfiança ainda pairava, um festival tão grande, que não aparecia na mídia, não tinha patrocinadores e o pior, muitos headbangers nem sequer sabiam desse festival.

Mapa do Parque da Independência de São Luis do Maranhão
A insegurança com o festival foi confirmada dias antes da data marcada, dia 20, 21 e 22 de abril. A estrutura do festival não estava sendo preparada, palco, camping, tudo estava atrasado. Já no dia 19 as bandas foram cancelando as apresentações, Venom, Saxon, as nacionais Stress, Matanza, Ratos de Porão e por ai não parou. O resultado: das mais de 40 bandas confirmadas apenas 13 tocaram. Brigas entre produtores, péssima qualidade de som, um camarote que era uma farsa, um festival que não oferecia nem comida decente. Mas quem mais sofreu com isso foi o público que cruzou estados para estar lá, afinal, ir por Maranhão não é barato. O camping também foi tratado com descaso, sem lugar decente para banhos e banheiros. Aos poucos foram melhorando a estrutura do camping, mas ainda era precário já que o prometido pela organização era outra coisa.

Banheiro restrito ao Megadeth fonte: http://musica.uol.com.br
Já faz um ano que o Metal Open Air (MOA) aconteceu e o público que compareceu no evento não foi indenizado. Felipe Negri e Lamparina Produções, organizadores do evento, continuam livres para fazer shows no território nacional enquanto deveriam estar presos. O ano 2012 foi uma data tumultuada para o metal no Brasil, começando por esse festival, que como muitos já dizem, foi a maior vergonha do metal nacional. Houve também vários promessas de shows que não foram realizados, como o do Slayer e Mastodon em novembro.

O heavy metal é um estilo que tem poucos adeptos no Brasil, um público exigente que às vezes chega a ser radical, alguns acreditam que o heavy metal é soberano perante outros estilos musicais. Parece que toda essa euforia pelo metal dos fãs extrapolou a imbecilidade de discussões de quem é mais entendedor de heavy metal e desfez a tentativa de Negri, um dos organizadores do MOA, de trazer o Destruction para o Brasil. Pela internet os fãs se manifestaram contra Felipe Negri que montou outra produtora para continuar trabalhando no meio, mas devido a reclamações a própria banda alemã comunicou aos fãs brasileiros que retornaria ao Brasil somente por meio de outra produtora. Recentemente circulou na internet que Felipe Negri estaria vendo a possibilidade de trazer o U.D.O. e novamente protestos circularam na rede.

Imagem divulgada por headbangers de todo o Brasil
Somente um ano após o evento, agora em abril, é que os produtores do MOA foram denunciados pelo Ministério Público do Maranhão. No dia 15 de abril, o MP entrou com uma Ação Civil Pública contra os organizadores do festival, Luiz Felipe Negri de Mello e Natanael Francisco Júnior da Lamparina Produções, pediu também o bloqueio total de seus bens, bem como a interdição de suas empresas, registradas, respectivamente, na Junta Comercial do Estado de São Paulo e na Junta Comercial do Maranhão. A 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor denunciou os produtores do evento pelos crimes de estelionato e indução do consumidor a erro. Agora é lutar para que os responsáveis pelo ocorrido no festival sejam presos. 

Mas mesmo com estes avanços, ainda o metal nacional permanece com fãs extremamente radicais, péssimos organizadores e os fatídicos problemas que pairam sobre o rock em geral (falta de espaço, estrutura, valorização, o dilema de musica cover x autoral), assim fica difícil fazer reconhecer um estilo que não é apreciado popularmente. O MOA, por exemplo, prometeu bandas de peso, como Megadeth, Anthrax, Grave Digger, Saxon e Venom e não teve a mesma divulgação na imprensa nacional como os grandes festivais que são realizados no país. Todas estes inconvenientes mais a ausência de uma organização de qualidade e um estilo musical marginalizado resultou no completo caos que foi o Metal Open Air.
  


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